terça-feira, 24 de novembro de 2009

EM QUE ESTAÇÃO...

Onde dorme a sombra da saudade?
Será que ela existe só para mim?
De tudo ainda resta um pouco
Do muito que a poeira não levou.

Em que céus tu te escondes?
Me dize como podes suportar
Tanta vida girando no seu colo
Incólume, sem pressa de parar.

Tento em vão me equilibrar
No dorso de um impiedoso ser
Que a mim não me diz como
Se é pra lutar ou deixar morrer.

Mistérios, vinde a mim dizer
Se ela ainda existe em raiz
Fincada no asfalto da distância
Do tempo que correu de mim.

Tenho pressa de chegar ao fim
Saber do que ainda restou
Juntar migalhas e renascer
Do que nunca deixou de existir.

Márcio, novembro de 2009.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O AMOR II

O amor me laçou
E hoje me alimento deste amor.
Ele que, sabiamente,
Tornou-se uma praga
Na lavoura da minh’alma...

Esse amor que me inquieta
Mas que também me acalma
Para poder senti-lo melhor.

O amor...

Sinto-o nos corredores das paixões
E passo a ser um navegante
Que se reflete na tez
De uma vidraça morena...

E esse amor cresce assustadoramente
Dentro de mim, e só por ele eu vivo
E nada mais...
E há tanta sede de amar
De percorrer o enigmático caminho
Que a mim me desvenda o sentido de ser...

Ah! O amor...

18 de setembro de 2008.
O SERTÃO E O MAR

O sertão está mudo
Vejo-o triste
Sem voz, sem vida e sem matiz.

O sertão de tantas linguagens
Jaz ausente de paragens
E o sertão cinza
Anoitece o meu olhar.

Atravesso o renitente sertão
Vítima de uma breve estação.

Encontra-se um desfolhado sertão
Diante da imensidão de mim
Mas paira um encantamento
Do céu que me olha.

Neste céu sem estrelas
Vejo-a posta
A minha única estrela
Que desce ao chão.

Neste chão há um mar
Onde sei que me espera
Pacientemente verde
Contrastando com o soturno sertão.
( SAL, 27/09/08)
MINHA EXISTÊNCIA

Gosto de ti inteiramente
Mais que gostar, cultivo-a então
É como algo que sonhamos ter
E embora tendo, me persegue a solidão.

Existes em mim completamente
És minha companheira de noites estreladas.
Passeias freneticamente por trilhas siderais
Iluminando sonhos e prazeres velados.

Estás vivamente em meu pensamento
Sentimento mágico que transcende em mim
Como sombra que resguarda o dono.

Prescinde de minha existência para existir
E existe suficientemente rara
Para existir hoje e sempre aqui.

Fortaleza, 30/05/09
DOIS SÓIS

O sol estava fugindo de mim
Caminhava sem muita cor
E meus passos desiluminados
Revelavam o silêncio da minh’alma.

Mas outro sol brilhou pra mim
Num céu noturno
E recompôs algumas estrofes
De uma poesia lírica
Que fala de um amor sem fim.

Você surgiu que nem cascata de flor
Água inundando um desértico ser
Que singra o ser...
Tão povoado de ternura.

Você veio assim, em doses de alegria
E fez o alvorecer mais belo
E fez o dia sorrir mais lindo.

Você é assim
Quase deusa e quase mulher
Antes menina sapeca
Que abriu o sol pra mim.

(Fort., 01/08/2009)