segunda-feira, 18 de abril de 2011

PALAVRAS MUDAS


O que me faz voar

Sem sair do chão?!

O que me faz pousar

Em plena escuridão?!


Em tudo há indecisão:

Dos passos quase parados

Na dança fria das palavras

Dos corpos quase colados

Da voz que se cala

Antes do primeiro beijo.


Em tudo há contradição:

Em plena ventania

Vulcão contido em chamas

Do teto onde moram as paixões.


Em intrépidas disparadas

Segue a locomotiva do desejo

Na ferrovia dos corpos.


Da saliva que me passas

Vejo um céu estrelado

Na boca mais linda do mundo!

Fortaleza, 18 de abril de 2011.

NOSSO REINO

Eu quero ouvir um som que me leve a pé até você

Se somos como um vamos nós a sós eu e você

Tão clara quanto a luz, tão vasta como o mar

E ver deitar o sol quando a noite chegar.


E trouxer seu frio abrasador

Nosso reino, nosso lindo amor.


Te ter sem tempo

Te ver ao despertar

Nós somos como vento

Sem pressa de cessar.


À luz de um novo sol eu te vejo, amor, reflexo de um ser

Acende uma paixão que me leva a ti, atiça o meu viver.

És vela no meu mar, conduz o meu olhar

Meu porto é o teu corpo, com pressa de chegar...

Somos feitos de um grande amor

Cada história, um filme, o mesmo ator.


Me reinvento

Vejo o tempo passar

Mas lá estamos nós

À sombra de um luar.

Márcio Carvalho

Fortaleza, 15 de fevereiro de 2010.

sexta-feira, 25 de março de 2011

VARAIS DOS TEMPOS


Pendurei meu sonho no varal do tempo
Deixei-o às intempéries e oxidações
Mas meu sonho resistindo a tudo
Recolheu-se no abrigo de um afável olhar.

Olhar que abrigou também um sorriso
Tão vasto que me fez sonhar.
Como é bom ver o olhar num sorriso
Espelhado no tempo, querendo voltar.

Falar de sonhos e querer sonhar
Unir duas ondas em alto mar
É mais que um grande mistério...

É a vida girando, se transformando...
É um sorriso, é um canto, um doce engano
São os traços da vida desenhando planos.

Márcio Raimundo, Fortaleza-23 de maio de 2009.

MINHA ÚLTIMA POESIA

Eis minha última poesia
Ela vem com a força de uma cachoeira
Lavando um tempo que parecia morto
Com seus límpidos cristais de vida.

Eis minha última poesia
Carregada de sonhos
Desaguando no leito
Dos teus (a)braços...

Eis minha última poesia
Itinerante, viva, equilibrista
Na linha veloz do tempo.

Eis minha última poesia
Soprada pelo vento...
Vem vindo, bailarinamente,
A minha última poesia!

Márcio Carvalho, 13/05/2010.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

CAÇADOR DE BORBOLETAS

O dia nublado tremia frio e silencioso
Ao redor da inesquecível “Casa Velha”.
Na parede que sustentava o telhado
Via uma casa de borboletas...
Era mais uma lagarta no seu casulo
Era mais uma luz que se abria para o mundo.

Lembro bem da minha infância
A construção daquela cena
Quando me deparava com este ser
Que ali se abrigava, comodamente,
Para ganhar uma tal sonhada liberdade
Depois de cumprida sua metamorfose vital.

Contava os dias, avidamente
Para o seu lindo despertar
E eu me maravilhava no terreiro
(época de intensa invernada)
Naquele florido vergel
-Vigilante de um bando de borboletas a voar.

Hoje sou ainda um caçador de borboletas
À procura do meu tempo
-Passado que se instaurou na memória!
Caço tantas coisas que mudaram seu rumo...
Mas caço, principalmente, o menino
Que um dia se aportou em mim!

Fortaleza, fevereiro de 2008.

Comentário:Mostrando o meu blog para o meu filho, Marcelo Márcio, li a poesia CAÇADOR DE BORBOLETAS. Mal terminei de lê-la, ouvi a seguinte frase dita de sua boca no alto dos seus oito anos: "PARECE QUE O PAI É O SENHOR DA POESIA. SEMPRE AS TUAS COISAS VÃO SER LINDAS!"
DESEJOS

Meu olhar atravessa o tempo
E deita ao seu lado
E invade num átimo
A sua mais íntima nudez.

A nudez da alma.

Quero escrever no teu corpo
O que falta em mim
O calor cálido
Paixão recorrente.
Quero dormir amarrado
Aos seus cabelos
Quero o bafejo de uma brisa pulsante
Atravessando sua pele morena
E invadindo a minha inocência pueril.

Quero sua liberdade vadia
Despejando amor sobre mim.
Quero que a noite não caiba num dia
Que a minha alegria nunca venha sucumbir.
Quero matar minha sede em ti.

Fortaleza, 29 de janeiro de 2008.
OLHAR DE SAUDADE

Guardo-te a sete chaves
Na minha alma de homem
E de poeta.

Guardo-te, presa, livre,
Navegante em mim.
Guardo-te, assim como guardo
Os primeiros raios da aurora
Na tez de uma manhã calada...
Depois de tantas palavras...

Guardo-te, ó cintilante estrela,
Como o jardineiro que alimenta
Uma flor pendida ao val...

E fico a debulhar lembranças,
Procurando alcançar sonhos
No arranha-céu
Sem olhos para mim.

por Márcio Carvalho às 07:00