quarta-feira, 9 de junho de 2010

CAÇADOR DE BORBOLETAS

O dia nublado tremia frio e silencioso
Ao redor da inesquecível “Casa Velha”.
Na parede que sustentava o telhado
Via uma casa de borboletas...
Era mais uma lagarta no seu casulo
Era mais uma luz que se abria para o mundo.

Lembro bem da minha infância
A construção daquela cena
Quando me deparava com este ser
Que ali se abrigava, comodamente,
Para ganhar uma tal sonhada liberdade
Depois de cumprida sua metamorfose vital.

Contava os dias, avidamente
Para o seu lindo despertar
E eu me maravilhava no terreiro
(época de intensa invernada)
Naquele florido vergel
-Vigilante de um bando de borboletas a voar.

Hoje sou ainda um caçador de borboletas
À procura do meu tempo
-Passado que se instaurou na memória!
Caço tantas coisas que mudaram seu rumo...
Mas caço, principalmente, o menino
Que um dia se aportou em mim!

Fortaleza, fevereiro de 2008.

Comentário:Mostrando o meu blog para o meu filho, Marcelo Márcio, li a poesia CAÇADOR DE BORBOLETAS. Mal terminei de lê-la, ouvi a seguinte frase dita de sua boca no alto dos seus oito anos: "PARECE QUE O PAI É O SENHOR DA POESIA. SEMPRE AS TUAS COISAS VÃO SER LINDAS!"
DESEJOS

Meu olhar atravessa o tempo
E deita ao seu lado
E invade num átimo
A sua mais íntima nudez.

A nudez da alma.

Quero escrever no teu corpo
O que falta em mim
O calor cálido
Paixão recorrente.
Quero dormir amarrado
Aos seus cabelos
Quero o bafejo de uma brisa pulsante
Atravessando sua pele morena
E invadindo a minha inocência pueril.

Quero sua liberdade vadia
Despejando amor sobre mim.
Quero que a noite não caiba num dia
Que a minha alegria nunca venha sucumbir.
Quero matar minha sede em ti.

Fortaleza, 29 de janeiro de 2008.
OLHAR DE SAUDADE

Guardo-te a sete chaves
Na minha alma de homem
E de poeta.

Guardo-te, presa, livre,
Navegante em mim.
Guardo-te, assim como guardo
Os primeiros raios da aurora
Na tez de uma manhã calada...
Depois de tantas palavras...

Guardo-te, ó cintilante estrela,
Como o jardineiro que alimenta
Uma flor pendida ao val...

E fico a debulhar lembranças,
Procurando alcançar sonhos
No arranha-céu
Sem olhos para mim.

por Márcio Carvalho às 07:00
MEU TEMPO PRESENTE
(O amor do agora)

Quero o amor do agora que caiba no espaço e no tempo...

Tenho pressa de viver o instante presente
Estar deliberadamente preso ao tempo presente
Fazer do agora um eterno presente.

Tenho pressa de viver intensamente
Como o andarilho em andar simplesmente
Meu porto é o teu corpo
Ilhas cercadas de sentimentos amenos.

Navego em velas atiçadas pelo vento
E vou ao encontro de mim mesmo, te encontrando
Posto que estás em toda parte
No espaço, no mar, no chão, no ventre das noites.

Quero viver este instante presente
Porque nele me vejo completamente
Me vejo neste instante eternamente.

Márcio Carvalho
Fortaleza, 14/08/2008.
SONETO DO AMOR TOTAL

Deixa eu te olhar profundamente
Beber no teu pensamento
Deixá-lo fluir no meu íntimo
Como vento em uma noite cansada.

Deixa os teus olhos aquecerem minha tez
Que nem botões em uma noite enluarada
Brotando sonhos e sensações
Colorindo uma primavera aguardada.

Deixa-me eu ser apenas teu
Ser o teu habitável ser
Construir muros, ser teu abrigo.

Deixa-me alvorecer em ti
Conduzir teus dúbios passos
Até a estação que mora em mim.

Fortaleza, 16 de janeiro de 2009.
Postado por Márcio Carvalho às 07:29
SENTIMENTOS

Sinto você em cada vão momento
Sinto você em cada vão da saudade
Sinto você
Até quando não sinto falta de ninguém.

Sua presença é férrea
Sua ausência é um trem
Levando saudades.

Ouço o apito da aurora
Nas linhas infindas das memórias
Que carregam os sonhos
Pra bem longe daqui.

“Sinto que é noite”
Sinto o grito preso,
Calado dentro de mim.
Sinto pouco sangue
Nas veias do tempo
“Sinto que é noite nos ventos”
Sinto que você
Já não mora mais em mim.

(Fortaleza, 08/12/2007,às 00h)
Postado por Márcio Carvalho às 07:17