ENCÔMIO A UM AMIGO POETA
O vento deslizava frio
E comunicativo sobre a noite.
Num bar, indiferente ao sofro divino,
Indiferente a voracidade das mesas,
Vendido ao seu cansaço,
Descansava humilde e tranqüilamente,
O meu amigo poeta.
E eu, solidário e solitário entre as mesas,
Observava o cansaço do meu amigo poeta.
Compreendia a sua invejável cabeça pendida sobre o ombro
Que carregou e suportou o peso daquele infindável dia.
Dormia no centro da noite boêmia,
Ao descaso dos olhares curiosos,
Uma simpática e autêntica figura,
Símbolo da imponência intelectual cearense.
E que poderosamente evocava a sua altivez
Ostentada de cabeça baixa.
Dormia o meu amigo poeta
E dormente
Seguia acordada a população
Em seus ócios e vícios.
O poeta dormia apoiado em suas mãos,
E o povo observava mais o poeta silente
Que o poeta que avidamente escrevia.
Fortaleza, 13 de janeiro de 2008, no Picanha Grill
Para meu amigo Sabóia
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